Debate: A entrada na universidade e o desenvolvimento de perturbações do foro psicológico

 Entrevista com Ana Luís Garcia

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A SOS Estudante e a Rádio Universidade de Coimbra uniram esforços para a organização de um debate que acontecerá no dia 27 de Abril, às 18h no Anfiteatro da Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade de Coimbra com o tema “A entrada na universidade e o desenvolvimento de perturbações do foro psicológico”. Ana Luís Garcia faz parte da equipa que está a trabalhar nesta iniciativa e respondeu a algumas questões para poderemos perceber o tema sob análise e o que vai acontecer nesta sessão de debate.

Esta iniciativa surge através de um esforço conjunto da SOS Estudante e da Rádio Universidade de Coimbra. Podes falar-nos um pouco de como surgiu esta parceria?

Ana Luís – Esta parceria surge através de uma proposta feita pela Rádio Universidade de Coimbra, no âmbito da celebração dos seus 30 anos em que, uma das bandeiras se prende com a aproximação da Rádio à cidade e à Academia o que, naturalmente, contemplou a aproximação, também às secções culturais da Associação Académica de Coimbra. Este debate já estava previsto na agenda de atividades da SOS Estudante e transmiti-la na Rádio Universidade de Coimbra pareceu-nos uma boa oportunidade de juntar estas duas secções para, por um lado, melhorar a experiência do debate e, por outro, criar um conteúdo interessante e que pudesse chegar ao máximo de pessoas possível, parecendo a rádio um excelente meio para cumprir esta função.

Qual é o objetivo principal deste debate?

A. L. – É gerar opiniões, ouvir as pessoas que estão em contacto com uma parte da realidade da comunidade estudantil que é, ainda, pouco visível e dar a conhecer as respostas que a Universidade tem oferecido a estes casos. Queremos alertar a comunidade estudantil, e dar-lhe uma voz, para esta realidade que convive ao nosso lado e, quem sabe, numa perspetiva mais otimista, conseguir pensar em soluções de prevenção.

Qual é a importância que tem o debate deste tema – perturbações do foro psicológico como resultado da entrada na universidade – no seio da comunidade estudantil?

A. L. – Este tema pareceu-nos importante para nós, enquanto SOS Estudante, uma vez que o nosso projeto surgiu precisamente com o objetivo de apoiar os estudantes que se sentem deslocados e que não conseguiram adaptar-se tão facilmente à cidade. Isto não quer dizer que todos os problemas de inadaptação levem ao desenvolvimento de perturbações psicológicas mas acreditamos que pode ter um impacto negativo no seu percurso académico ou até decisivo, se não houver um acompanhamento adequado que, muitas vezes, leva ao isolamento. Acreditamos que estes temas, ligados à saúde mental, são sensíveis e, de certa forma, um tabu, principalmente quando falamos deles associados a uma camada populacional tão jovem. E traze-lo (o tema) para junto da população estudantil parece-nos a melhor forma de consciencializar, pois só assim podemos chegar a soluções.

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A mesa de debate é bastante variada, conta com elementos da área de psicologia, mas também da Universidade de Coimbra, nomeadamente dos serviços de ação social. Que resultados esperam tendo em conta o conjunto de profissionais convidados?

A. L. – Esperamos que as perspetivas sejam as mais variadas possíveis. Que possamos perceber o que está a ser feito a nível de apoio psicológico mas também a nível social pois, como sabemos, o insucesso escolar, que leva à perda de bolsa de estudo, está, muitas vezes, associado à incapacidade dos estudantes de ultrapassarem obstáculos dentro da sua própria faculdade e curso.

Ana Luís és aluna da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, enquanto estudante, que medidas consideras prioritárias no apoio aos estudantes que todos os anos entram no ensino superior por parte, tanto das instituições de ensino, como dos governantes?

A. L. – Uma das medidas que podia ser adotada, neste caso copiando o bom exemplo da Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação, era um Gabinete de Apoio ao Estudante em cada faculdade. Pequenas medidas a nível social, como criar melhores condições de estudo nas residências, por exemplo, poderiam ser também uma boa ajuda. No que diz respeito à Universidade, diretamente, a aproximação do estudante ao seu professor, a criação de um sistema de ensino que promovesse mais avaliações continuas e que valorizasse mais as individualidades e capacidades de cada estudante, potencializando as suas qualidades e ajudando a melhorar nos pontos menos positivos, poderia ser uma boa aposta da Universidade para melhorar a qualidade dos profissionais que forma e atrair estudantes que procuram, de facto, Coimbra, pela qualidade do seu ensino.

A sessão terá como convidados a Doutora Isabel Keating, técnica do Gabinete de Apoio ao Estudante, a Doutora Maria Rosário Pinheiro Professora Auxiliar da FPCEUC e Responsável pelo Gabinete de Apoio ao Estudante, o Doutor Pedro Ferreira Alves, psicólogo na Clínica de Psicoterapia Pós-clássica de Coimbra, a Doutora Rita Tomás, mestre na área da Psicologia da Educação, que desenvolveu uma dissertação com base no tema “Adaptação ao Ensino Superior” e teremos também connosco uma Assistente Social dos Serviços de Ação Social da Universidade de Coimbra.

Esta iniciativa conta com o apoio da Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade de Coimbra, dos Serviços de Ação Social da Universidade de Coimbra e da Clínica de Psicoterapia Pós-Clássica de Coimbra.

Entrevista: Soraia Castanheta
Estudante do mestrado em Gestão na Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra